O Blog "Mundo Interior"

Blog criado pelo grupo de trabalho “Mundo Interior” , constituído por alunos de Área de Projecto do 12.º ano de escolaridade, agrupamento de Ciências e Tecnologias, na escola Secundária de Odivelas, área curricular leccionada pelo professor João Ramalho. Somos um grupo de trabalho constituído pelos alunos Ana Lopes, Bruno Ferreira, Carla Peres, Rodrigo Martins e Vanessa Albino que adoptou como sua designação “Mundo Interior” após ter escolhido como tema de trabalho o Autismo e Perturbações do Desenvolvimento das Crianças.
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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Mapa de Conceitos

Apresentamos, de seguida, um mapa conceptual com o motivo pelo qual escolhemos o tema “Autismo” e com o percurso que iremos realizar até alcançar o produto final.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Comportamento autista



A relação mãe-bebé, desde os primeiros meses de vida, é fundamental para o desenvolvimento psicomotor futuro da criança. Sempre que o bebé tem a iniciativa de comunicar com a sua progenitora (através do choro, por exemplo) irá desenvolver capacidades cada vez mais elaboradas e novas. Caso contrário, se ele não estimular a relação com a sua progenitora, terá maior dificuldade em iniciar a sua descoberta do mundo exterior, fechando-se no seu próprio mundo e isolando-se no seu “mundo interior”. No mundo do autismo, as crianças possuem diversos comportamentos:

  • evitam o contacto físico e visual;
  • não manifestam as suas emoções;
  • não brincam, nem se relacionam com as outras crianças (têm dificuldade em se relacionarem);
  • permanecem indiferentes a abraços e carinhos das pessoas;
  • apresentam estereotipias motoras (deambulam com o corpo);
  • apresentam flapping (movimento de bater os braços em estado de maior agitação);
  • preferem estar sozinhos;
  • utilizam a linguagem de um modo estranho ou podem não conseguir falar;
  • quando falam com estas crianças, elas têm dificuldade em entender o que lhes foi dito;
  • repetem as palavras que lhe são ditas;
  • invertem o uso normal de pronomes;
  • utilizam principalmente o “tu” em detrimento do “eu” ou “mim” quando se referem a si próprias;
  • possuem um riso inapropriado;
  • giram objectos;
  • têm inapropriada fixação em objectos;
  • são hiperactivos;
  • não possuem qualquer tipo de resposta perante os métodos normais de ensino;
  • aparentemente são insensíveis à dor;
  • possuem extrema aflição sem razão aparente;
  • insistem em repetir e resistem à mudança;
  • agem como se fossem surdos;
  • gesticulam ou apontam em vez de falarem;
  • não possuem a noção do perigo;
  • possui problemas de alimentação e sono.

    É de mencionar que nem todas crianças autistas possuem a maioria dos comportamentos mencionados, além disso segundo a ASA (Autism Society of American), estes diversos comportamentos estão presentes nos primeiros anos de vida da criança, porém a sua intensidade varia.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Síntese histórica do conceito de Autismo

O termo Autismo vem do grego “autós” que significa “próprio” ou de “de si mesmo”.
Em 1906, Plouller introduziu o termo autista na literatura psiquiátrica, mas foi só em 1912 que este começou a ser difundido, por Eugene Bleuler, que o utilizou para descrever um sintoma da esquizofrenia, o qual definiu como sendo uma "fuga da realidade". Mais tarde Kanner e Asperger usaram a palavra para dar nome aos sintomas que os seus pacientes apresentavam.
Em 1943, o médico austríaco Leo Kanner, no seu artigo Autistic disturbance of affective – Distúrbios autísticos do contacto afectivo, publicado na revista Nervous Child, descreveu os casos de onze crianças que tinham em comum "um isolamento extremo desde o início da vida e um desejo obsessivo pela preservação da mesmice", designando-as por "autistas". No mesmo ano, o também austríaco Hans Asperger, públicou o artigo Die 'Autistischen Psychopathen' im Kindesalter – A psicopatia autista na infância, na revista científica Archiv fur psychiatrie und Nervenkrankheiten; este seu trabalho baseou-se em estudos que envolveram mais de 400 crianças, nas quais observou um padrão de comportamento e capacidades que ocorria predominantemente em rapazes e o qual denominou “psicopatia autista”.
Desde a década de 60 (do século XX) que se afirmou o diagnóstico do Autismo para um transtorno de origem biológica comprometedor do Sistema Nervoso, sugerido por uma interrupção precoce no desenvolvimento das células da Região Límbica do Cérebro, responsável por mediar o comportamento social.
O valioso trabalho de Asperger apenas foi reconhecido nos anos 70 quando foi traduzido para inglês, pela médica Lorna Wing (inglesa), desde então o Autismo de alto desempenho (sem déficit cognitivo) passou a ser designado por Síndrome de Asperger.
Na actualidade, o autismo é classificado como um déficit neurobiológico inato, inscrito, inclusive, na classificação das doenças mentais. Desde a década de 70 que este é reconhecido como uma deficiência cognitiva e, em 1980, no DSM III (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), é introduzido um capítulo dedicado ao Distúrbio Generalizado
do Desenvolvimento no qual o termo Autismo é associado a “distúrbios pervasivos do desenvolvimento”, distinguindo-se da
esquizofrenia infantil, à qual tinha sido associado em 1968 (com a puplicação do DMS II).
Após um longo caminho, o termo Autismo é, hoje, em suma, habitualmente usado para referir um espectro de síndromes com características em comumPerturbações Pervasivas do Desenvolvimento, de acordo com o DSM IV, ou Perturbações Globais do Desenvolvimento, de acordo com o DSM IV-TR.


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O Autismo do grande ao pequeno écran

No cinema e na televisão, o Autismo tem sido abordado em várias obras. Queremos destacar duas delas, uma por ser uma estreia a outra por se tratar de um “icon” do cinema, ambas a não perder, ou a rever, nelas podemos tomar contacto com o tema Autismo de uma forma lúdica e séria, de forma emotiva e vibrante, sorrindo e chorando com os personagens, mas respeitando sempre o que significa ser Autista.
A estrear brevemente na TVI a série “37” da autoria de Rui Vilhena, com Sofia Alves, João Reis, Pedro Granger e Cucha Carvalheiro, entre outros excelentes actores, é uma série de crime e suspense que se passa num pólo universitário de medicina onde técnicas de Autismo são vítimas de um serial Killer. Aguardamos a sua estreia com muita expectativa.

Até lá não deixe de ver, ou rever, Rain Man – Encontro de Irmãos (1998), (ver trailler).
Uma obra de arte do cinema contemporâneo inspirada num caso real, conta a história de um jovem que recupera a sua humanidade através do amor inesperado de um irmão autista que nunca soube que tinha. À sua espera no seu videoclube, não dará o seu tempo por perdido!
Tendo como actores principais Dustin Hoffman e Tom Cruise, foi vencedor em 1999, entre outros prémios, dos Óscares da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos para Melhor Actor em Papel Principal: Dustin Hoffman; Melhor Director: Barry Levinson; Melhor Filme: Mark Johnson; Melhor Roteiro: Ronald Bass, Barry Morrow.

À escritora Ana Martins

Agradecemos publicamente todo o apoio e disponibilidade manifestados, bem como o comentário feito no seu blog (anamartins.com), pela escritora Ana Martins.

Bem-haja pela sua colaboração que muito nos será útil.

Obrigado.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A nossa primeira saída de campo - Centro ABCReal

Uma sala vazia, como qualquer outra, mas uma diferença que a torna única… minutos antes cinco crianças maravilhosas, dos sete aos doze anos, realizavam actividades diversas com vista ao seu desenvolvimento social, cognitivo e sobretudo à promoção da sua independência.
Referimo-nos à ludoteca do Centro ABCReal Português, na Costa da Caparica, coordenado pela Dra. Albertina Marçal. Este centro visa a reabilitação das crianças, a fim de que estas possam, no futuro, integrar-se na sociedade como qualquer outra.
Neste centro é dada primazia ao método ABA (Applied Behavior Analysis), no qual são reforçados os comportamentos positivos em detrimento dos negativos. Deste modo, conjugam-se conhecimentos científicos com análise comportamental. As crianças aqui acompanhadas são seguidas de perto por um técnico cada uma e um coordenador geral da equipa, sendo o número de técnicos superior em uma unidade ao número de crianças.
Com esta primeira visita de campo procurámos conhecer melhor a instituição e recolher informação sobre o espaço físico, os métodos e as terapias, entre outros. Informações estas que serão úteis para implementar no centro, unidade de apoio integrada, cuja maqueta nos propusemos realizar.
É nossa intenção conhecer os restantes polos constituintes deste centro e ainda outros espaços e instituições destinados ao apoio destas crianças.
Queremos desde já agradecer publicamente ao Centro ABCReal por nos ter recebido com tamanha amabilidade e todo o apoio que nos foi prestado, bem como a disponibilidade mostrada. Referimos em especial a Dra. Albertina Marçal e a Dra. Vanessa Ferreira que muito atenciosamente nos acompanharam durante a visita ao Centro ABCReal dia 09 de Novembro de 2009.

sábado, 14 de novembro de 2009

Integração escolar de crianças com necessidades educativas especiais


O Decreto-Lei n.º 3/2008 de 7 de Janeiro (Revoga o Decreto-Lei n.º 319/91) visa “(…) promover a igualdade de oportunidades, valorizar a educação e promover a melhoria da qualidade do ensino. Um aspecto determinante dessa qualidade é a promoção de uma escola democrática e inclusiva, orientada para o sucesso educativo de todas as crianças e jovens. (…)”*. Este Decreto-Lei tem sem dúvida aspectos positivos, no entanto, tem sido alvo de opiniões negativas. Cientes de que da crítica construtiva e da pluralidade de opiniões se constrói um sistema melhor, queremos salientar o artigo "Educação especial: aspectos positivos e negativos do Decreto-Lei n.º 3/2008" de Luís Miranda Correia, Professor Catedrático da Universidade da Minho, publicado no site http://www.educare.pt/.

*In Decreto-Lei n.º 3/2008 de 7 de Janeiro.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Autista, quem…? Eu?

Autista, quem…? Eu? É o titulo do romance, quase autobiográfico, da escritora Ana Martins, um romance escrito por uma “mãe coragem” de forma simples e tocante que a cada passo nos prende à acção e transporta ao mundo do Autismo, ao lê-lo deixamo-nos envolver num rodopiar de emoções capaz de nos “roubar” uma lágrima ou de fazer com que um sorriso nos beije os lábios, um turbilhão de emoções que nos faz crescer como seres humanos e deixa um sentimento de enorme ternura e amor.

No seu blog, anamartins.com, Ana Martins mostra-nos o seu filho, o jovem Pedro, a exercer o seu direito cívico (votando) e tal como o livro é tocante o comentário da escritora:

“(….)Não é segredo.
O meu filho Pedro é um jovem de 20 anos com autismo.
Dos muitos sonhos que tem para uma normalidade perdida, o de votar era apenas mais um.
Hoje concretizou-o.
A imagem é bonita captada por uma mãe orgulhosa? Sim.
Mas nem todos os frames do nosso dia são partilháveis ou passíveis de o querer fazer. Reflecti se queria contar-vos este momento só nosso antes de o escrever. Sendo tão paradigmático, acaba por ser elucidativo desta estranha forma de viver «com autismo» e «com o autismo».
Cedo, mesmo antes dos 18 anos sabia o que queria: «Ser Natural», dizia com uma rara beleza. Aquela com que uma pessoa com autismo pode utilizar o mesmo léxico que todos nós temos à disposição, apenas acrescenta uma pitada de magia, de poesia que nunca nos cansa, nos deixa perplexos, por vezes comovidos, a nós, os a quem o «Ser Normal» nos chega como adquirido, sem sequer o questionarmos.(…)”*

*Ana Martins, in blog anamartins.com (30 Setembro de 2009).

domingo, 8 de novembro de 2009

O que é o autismo?


O autismo é uma perturbação global do desenvolvimento infantil que tende a evoluir com a idade.
Apesar desta perturbação se prolongar ao longo de toda a vida, não significa que não exista nada que todos nós possamos fazer para ajudar estas crianças.
É de salientar que os autistas possuem lobos frontais muito desenvolvidos, apresentam um corpo caloso subdesenvolvido e o hipocampo, área vital para a memória, aproximadamente 10% superior ao tamanho habitual.
Sobre este tema , no entanto, muito mais para dizer... assim, vamos tentar desvendar o mundo misterioso do autismo e divulgá-lo à comunidade.

Comentário do Sr. José Moreira


“(…) falar de autismo é falar de Seres que nascem, crescem e envelhecem nesta sociedade demasiado conexa e complexa, obrigando a que o termo autismo seja encarado sob diferentes perspectivas conforme a idade e condição da vida do autista. (…)”

Queremos publicamente agradecer a colaboração e o comentário do Sr. José Moreira, que com os seus conhecimentos e sugestões construtivas em muito enriquece este blog e o nosso projecto, sugerimos a todos a leitura na íntegra desse comentário.

Muito obrigado pela sua colaboração.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mal-Entendidos

Mal-entendidos é o novo livro do Prof. Dr. Nuno Lobo Antunes, que aborda as perturbações do desenvolvimento infantil.
O Prof. Dr. Nuno Lobo Antunes, neurocirurgião português de renome, relata-nos casos verídicos de crianças e jovens cujos comportamentos foram durante muito tempo considerados inexplicáveis, procurando ao mesmo tempo esclarecer e dar resposta às inúmeras dúvidas que invadem quem lida directa ou indirectamente com estas crianças e jovens.
“Para compreender uma criança temos de voltar ao país das memórias, viver o que ficou para trás, habitar de novo medos de que nos esquecemos. Olhar com olhos de espanto, chamar filha a uma boneca, e replicar o milagre da criação dando-lhe voz. Para a compreender temos de voltar a pele do avesso, reduzir a dimensão do corpo na medida inversa em que cresce o sentimento. Cada criança é uma história por contar. Por vezes o Capuchinho Vermelho perde-se no bosque e não há beijo que resgate a Bela Adormecida”*
Ao lê-lo, vemo-nos envolvidos por um misto de sentimento e razão, que se revêem na perspectiva científica com que os assuntos são abordados, conjuntamente com a veracidade e emotividade das histórias contadas.
Como é afirmado neste livro “devem existir em Portugal cerca de 100 000 crianças com perturbações de desenvolvimento”, sendo indispensável tanto a divulgação deste facto como a tomada de atitude perante o mesmo.
Um livro fascinante, projecto de cultura e informação, dotado de um carácter humano de louvar.

*ANTUNES, Nuno Lobo. (Outubro de 2009) Mal-Entendidos. 1ª Edição, Lisboa: Verso de Kapa.